Com as vinhas expostas ao mar e um método de vinificação muito característico, lá, tudo é único: desde as castas autóctones até a Adega Cooperativa mais antiga do país.
Identificar o momento em que a produção de vinho se iniciou nesta região é complicado de precisar - alguns especialistas sugerem que D. Afonso Henriques, por volta de 1150, já enaltecia o vinho de Sintra, sugerindo uma relação com o vinho de Colares.
Contudo, foi só com D. Afonso III que surgiram os primeiros vestígios de cultivo destas características vinhas. Em 1255 o rei doou as terras de Reguengos de Colares a Pedro Miguel e sua mulher, Maria Estevão, que deveriam plantar ali videiras oriundas da França.
Com uma forte presença desta tipologia de vinhos entre os portugueses no decorrer dos anos que se seguiram, a produção dos vinhos de Colares sempre foi respondendo às necessidades do mercado. No entanto, a crescente procura pelo vinho obrigou a que medidas fossem tomadas e fosse criada, assim, a Região Demarcada de Colares em 1908.
Nos anos 20 e 30, a exportação destes vinhos para o Brasil impulsionou o seu crescimento e os levou para além das fronteiras e incentivou a conquista de novos mercados internacionais.
Recentemente tivemos o prazer de conhecer um pouco mais destes vinhos, suas uvas e sua cultura. Participamos em Colares do evento Eletro-Vinho, O Elétrico e o Vinho de Colares, comemorativo dos 120 anos desta Cidade.
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Em uma grata combinação de Teatro, Música e Prova de Vinhos, na Adega Visconde de Salreu (edifício construído em 1823), fizemos uma viagem de volta no tempo até a épica história do vinho Ramisco e a sua ligação com o elétrico (trem elétrico) que liga Sintra ao Atlântico, por meio da famosa Praia das Maças, de Colares.
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As videiras e as uvas:
As videiras são as mais ocidentais, de toda a Europa e ficam bem próximas do seu ponto mais ocidental - Cabo da Roca .
Elas crescem em terrenos arenosos ou de pedra. Tem uma grande exposição ao sol, aos ventos, e são muito expostas ao sal do mar. Era muito comum a construção de muros paralelos a estas águas,, de forma a proteger a vinha.
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Seu clima muito úmido, envolvidas em muito nevoeiro, e neste solo tão específico e desafiador, as uvas típicas da região são a Ramisco, Malvasia e Castelão. Atualmente elas coexistem com Arinto, Alicante Bouschet, Syrah e Fernão Pires.
Foi um início de noite muito bem passado, regado a uma boa música da viola portuguesa e a um bom vinho.